O impacto dos pagamentos digitais no varejo brasileiro

Os pagamentos digitais começaram a chamar atenção mundial após o case de sucesso na China, onde o pagamento por QRCode via carteiras digitais alcançou utilização de 93% da população que tem mais de 1,3 bilhões de pessoas. Até então, a população tinha pouco acesso aos Bancos e cartões por lá. 

Essas carteiras fazem parte dos dois principais “superapps” chineses: Alibaba e WeChat. Ambos surpreenderam o mundo com a simplicidade, praticidade e segurança no modelo de transação. 

Logo após essa explosão da aceitação dos consumidores chineses, a nova tecnologia começou a crescer em todo mundo e segundo um estudo realizado pela Bain & Company, as carteiras digitais vão representar 28% do mercado de pagamentos em 2022. 

Na prática, consiste em o cliente utilizar o próprio celular como meio de pagamento. Geralmente vinculado a um aplicativo de carteira digital, o consumidor pode cadastrar seus cartões de débito e crédito ou transferir dinheiro para o saldo da carteira. Em seguida consegue comprar em sites de e-commerce ou através de um QR Code, por exemplo, para pagar por uma compra em loja física. 

Consegue também, dependendo da carteira, pagar contas e boletos, transferir para outros usuários da carteira, investir o dinheiro e assim por diante. Tudo diretamente no smartphone, sem envolver dinheiro em espécie ou cartões de plástico. 

A modalidade possibilita menos filas e mais agilidade, experiências que o consumidor digital busca nas lojas físicas. Traz a praticidade de pagamento do mundo digital para o mundo físico. 

Com essa tecnologia é possível, por exemplo, compartilhar informações e vantagens dos diferentes canais de vendas, físicos e digitais, impulsionando a experiência do omnichannel no varejo.

A partir do momento em que grandes instituições e empresas resolveram regulamentar e investir o pagamento digital deixou de ser aposta para se tornar realidade. Hoje no Brasil já estão em operação mais de 30 carteiras digitais realizando pagamentos por QR Code e a quantidade de novas carteiras não para de crescer.

O Banco Central decidiu fomentar esse tipo de pagamento, a partir do anúncio do PIX, e o WhatsApp acabou de lançar a sua carteira digital (Facebook Pay) para o mercado brasileiro. Nela você transfere dinheiro instantaneamente para outro usuário diretamente no chat, tão simples quanto enviar uma foto. Solução que também estará disponível para o varejo. 

No Brasil a novidade chegou para ficar. Essa tendência ganha forte tração no ecossistema brasileiro por conta da baixa bancarização do país. Segundo o Global Payments Report de 2018 o uso das carteiras digitais na América Latina deve crescer mais de 3 vezes até 2022. 

Nos últimos meses, por conta da pandemia, um grande crescimento na adoção de carteiras digitais ocorreu. Impulsionado por diferentes fenômenos como as doações nas “lives” e o aplicativo Caixa Tem, que foi utilizado para distribuir o benefício de 600 reais do governo federal. 

Pagamentos digitais também tendem a ganhar força no varejo de moda após o afrouxamento da quarentena da Covid-19, onde os consumidores buscarão novas medidas de pagamento sem contato físico para evitar uma segunda onda de proliferação do vírus. 

Com o pagamento digital não existe contato físico nenhum entre o caixa e o cliente. Não tem cartão, maquininha, teclado nem recibo em papel. Por isso é mais seguro para o consumidor e operadores de caixa. 

Os consumidores foram forçados a migrar para o e-commerce durante a quarentena. Quando as portas do varejo se abrirem novamente o cliente vai exigir um nível de segurança maior contra possíveis contaminações, caso contrário pode preferir continuar comprando on-line. 

Do lado do cliente final, além de oferecer uma experiência 100% digital, permitindo o acompanhamento de todas as compras direto no aplicativo da carteira digital, ele também poderá aproveitar os descontos ou cashbacks, chegando a até 20 reais de desconto e 50% de cashback.

O processo de pagamento por carteiras digitais é simples e cerca de 61% dos brasileiros das classes A, B e C que possuem smartphones já são usuários recorrentes desta modalidade, aponta a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). A praticidade é a principal vantagem para 47% dos consumidores, enquanto 53% apontam as transações imediatas e a confirmação instantânea como maiores atrativos. 

Do lado do varejista, além da fluidez da experiência digital para o pagamento, as carteiras digitais também se destacam por outros benefícios:

  1. Promoções para o consumidor: os programas de incentivos, como o cashback, que promovem uma porcentagem de reembolso dos valores gastos para usar em outras compras, são um grande atrativo para os consumidores utilizarem as e-wallets. Em algumas campanhas especiais o cashback chega a 50%. Outras carteiras dão descontos de R$5, R$10, R$20 dependendo do valor da venda. Essas promoções são alavancadas pelas carteiras e aumentam as vendas para o varejista.
  2. Redução do custo com taxas: hoje, as taxas médias dos maiores adquirentes do Brasil são de 3,85% para crédito e de 2,15% para débito. Já as taxas médias das principais carteiras digitais são de 2,42 % para crédito e de 1,23% para saldo em conta. Ou seja, as carteiras digitais representam uma economia de 37,14% para crédito e 42,79% para débito quando comparada às taxas praticadas pelas tradicionais adquirentes.
  3. Divulgação das lojas: as carteiras digitais também promovem a divulgação das lojas por meio da geolocalização. Ao abrir o aplicativo da carteira, automaticamente são indicadas as lojas naquela região que possuem o sistema de pagamento e os respectivos descontos. Essa medida leva mais clientes para as lojas, que podem se beneficiar da base de clientes das carteiras, como a PicPay, que tem 20 milhões, o Mercado Pago, com 7,9 milhões e a Ame, com 7 milhões. São atraídos para as lojas, em busca das promoções e descontos ou simplesmente para poder usufruir de uma experiência mais segura e avançada.

Na prática isso resulta em novos clientes, mais vendas e menos custos financeiros para o varejista que aceita os pagamentos digitais. Um estudo, da SBVC de 2019, indica que 82% dos varejistas pretendem utilizar pagamentos digitais em 2020.

No entanto, para aceitar 10, 20, 30 carteiras de pagamentos digitais na loja o varejista esbarra em algumas dificuldades. Para cada carteira nova o varejista precisa realizar um longo cadastro e posicionar uma placa com o respectivo QR Code no balcão do caixa, espaço nobre do varejo. 

Além de ocupar o balcão, as dezenas de placas criam um visual confuso na loja e devido a exposição ficam sujeitas a adulterações e fraudes. Na hora de pagar o próprio consumidor tem que digitar o valor da venda. Para confirmar o recebimento o operador de caixa tem que acessar o portal da carteira utilizada. Como são vários portais e o perfil do operador do caixa é tipicamente simples, isso se torna um desafio só superado com muito treinamento e mesmo assim existem riscos para falhas na operação. 

Isso tudo torna a venda mais lenta e aumenta as filas nos caixas. Para o gerente da loja não é fácil acompanhar o fluxo financeiro pois também deve acessar diversos portais e consolidar as informações. O mesmo ocorre para avaliar a efetividade das promoções e economia das taxas.

A solução da Shipay foi criada para resolver esses problemas. A empresa é uma fintech fundada em 2019 que tem como propósito simplificar o relacionamento dos consumidores e comerciantes com os pagamento digitais. 

Desenvolveu um hub das principais carteiras digitais disponíveis no mercado, como PicPay, Mercado Pago, Ame, PagBank, entre outras, que é integrado ao ERP (Enterprise Resource Planning) das lojas, o sistema do caixa (PDV). 

Para que os pagamentos digitais possam se popularizar no varejo, é necessário simplificar e facilitar o processo para o lojista. E dentro desse contexto, a integração com o sistema de PDV (frente de caixa) é fundamental.

No modelo proposto pela Shipay, o cliente informa ao caixa por meio de qual carteira digital deseja pagar, o caixa escolhe a opção desejada e o sistema de gestão gera um QR Code, que pode ser impresso ou apresentado no monitor da loja. 

O cliente faz a leitura por meio do aplicativo da carteira digital e a venda é finalizada após a confirmação de pagamento no app e o caixa recebe a confirmação. No aspecto de segurança, a transação é criptografada de ponta a ponta e são utilizadas chaves que identificam até o caixa da loja, prevenindo as fraudes.

A visão dos fundadores da Shipay é trazer de forma simples e integrada todos os pagamentos digitais para o varejo: carteiras digitais, bancos digitais, pagamentos instantâneos (como PIX e WhatsApp), benefícios digitais, criptomoedas e o que surgir de novo nesse tema. 

Cabe ressaltar que as criptomoedas também estão dentro do contexto dos pagamentos digitais. Já imaginou uma loja oferecendo a possibilidade de receber em Bitcoin? Em países com moeda fraca como a Venezuela e Argentina o Bitcoin ganha cada vez mais relevância. 

Os bancos centrais pelo mundo todo têm estudado o tema e discutido a regulação. Em fevereiro de 2020 a Suécia lançou sua própria moeda digital, o e-krona, emitida pelo banco central do país. Outros bancos centrais têm discutido essa possibilidade, como Inglaterra, Japão, Coreia, União Europeia, Rússia, Suíça dentre outros.  É uma questão de tempo para as criptomoedas serem aceitas e fazerem parte da nossa vida cotidiana.

De olho neste cenário, a Data System, empresa especialista em soluções de gestão para o varejo de calçados e roupas, e a Shipay firmaram uma parceria para fomentar o uso das e-wallets no varejo de moda, segmento que ainda é incipiente no uso desta tecnologia. Os hábitos de consumo estão mudando e estamos antenados para ajudar nossos clientes.

Sem a solução da Shipay, o lojista teria que realizar projetos de desenvolvimento a cada nova carteira digital que deseje integrar ao seu ERP. A vantagem em ter um hub integrador de carteiras digitais é ter uma única plataforma de gestão, tornando o processo de adesão ágil, confiável e seguro. Sem contar que as e-wallets hoje são uma alternativa às altas taxas dos cartões de crédito, oferecendo aos lojistas uma vantagem competitiva para a redução de custos.

Apesar de já ser possível observar a adoção dos pagamentos digitais em farmácias, pet shops e restaurantes, ainda é difícil para o consumidor final achar lojas de roupas e calçados que aceitam os pagamentos digitais. Com a parceria entre a Shipay e a Data System isso em breve deve mudar.

Publicado por: Charles Hagler e Fabio Ikeno em 13/07/2020 às 17:00